MERCANTILIZAÇÃO DA ÁGUA
Este resumo é referente à palestra realizada dia 04 de dezembro de 2022 com a professora Ma. Dana Aguiar no mini auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, e na oportunidade tivemos a orientação do professor Mestre Michel Pacheco Guedes. A participação da turma de 3º semestre de Geografia nesta palestra também foi bastante importante Este encontro foi proposto mais como uma roda de conversa a qual abordou a dinâmica e suas perspectivas a partir de modelos de produção, consumo e comércio dos recursos naturais presentes na Amazônia. Este debate apresentou sua grande importância dentro deste processo, pois falar sobre a água para os dias de hoje é um papel de suma importância. A água se tornou um assunto não só local, mas internacional, pois a partir de suas problemáticas e desafios, é possível apontar os impactos que se resultam neste meio de comercio.
A palestrante abordou um pouco de seu projeto de mestrado, a temática de sua pesquisa onde ela citou o processo de não pensar nas formas de poder que esse mercado atua, a mercantilização da água. Na oportunidade ela falou de sua área de pesquisa, a cidade de Benevides onde teve contato com alguns moradores. Foi discutido a questão da implantação da fábrica de cerveja Schin a qual na época assim se chamava, logo depois foi vendida pra outras empresas internacionais. Mas qual o principal objetivo de implantar uma fábrica internacional na Amazônia às margens de uma rodovia federal? Com esse contato com os moradores do local foi perceptível observar que as águas do município eram conhecidas por suas belezas, água pura e potável.
Localização do Município de Benevides, Pará, Brasil
A implantação da fábrica não se deu exatamente por causa da cidade e suas características e sim, em decorrência de escala, área em abundância. Inclusive pela questão do benefício na indústria de refrigerantes. Anos depois foi vendida pra empresa Brasil Kirin, cervejaria Holandesa, uma empresa desse porte em Benevides resultaria na geração de emprego e renda para o local, porém este tal desenvolvimento de implantação a novas perspectivas de indústria não estava atrelada à importância dos empresário com a comunidade, e sim, com a extração dos recursos naturais ali encontrados. Posto isso, esta palestra tem como tema a mercantilização da água, essa troca capitalista de retornos ao desenvolvimento, inclusive urbano. Ademais, foi abordada a empresa Natura, uma organização industrial genuinamente brasileira a qual também é um exemplo de utilização dos recursos naturais para a sua produção, neste caso, o uso político da água. Recordando a geopolítica da Europa, onde se concentrava a mercantilização desse recurso, tanto na terra quanto no mar e com esses processos, vieram a definir o destino da geopolítica da água na Amazônia.
Esse mercado acaba atuando em várias escalas, mas neste caso da cervejaria estar localizada em Benevides é de fato mais por uma questão da localização na Br 316, justamente em decorrência ao escoamento da produção, e isso foi bem pensando por seus fundadores, escolher o local estratégico. Um olhar capitalista de interesses geograficamente estratégico, em conformidade da grande concentração de água. Posteriormente essa cervejaria de um grupo japonês (Brazil Kirin) foi vendida pra Heineken. Porém todos sabemos que a implantação dessas empresa estão diretamente ligadas ao poder geopolítico da água.
Na sequência foi abordada a questão do olhar mais
atencioso à cidade de Benevides, justamente por conta dessa questão das águas
da localidade, onde o interesse passou a aumentar consideravelmente. Neste processo, se
descobriu o valor econômico da água subterrânea e se intensificou a partir da
instalação da própria Schincariol, se tornando viés de incentivo à criação de distribuidoras de águas de consumo diário como as empresas Nossa
água, Belágua, entre outras que passaram a atuar no município.
Um aspecto muito importante o qual deu pra
extrair dessa discussão é pensar um novo olhar sobre a Amazônia, pois pela
lógica só pensamos a Amazônia enquanto floresta e como biodiversidade, quando que na
verdade, esquecemos de pensar que o olhar de quem está de fora da Amazônia é
apenas sobre recurso hídrico, é água. As pessoas de fora da Amazônia estudam a
nossa água, os institutos de fora, organizações estudam este nosso rico recurso. Eles se
capacitam em pesquisas e a partir de dados, conseguem identificar quanto temos de água em nosso
território, em nossas reservas, não apenas pensando na Amazônia e a floresta em pé sobre seu valor, entretanto a água em seu sumo valor como maior recurso.
Alguns análises foram apontadas por determinados alunos como o interesse de políticos pela captação da água, a monopolização desse comércio e a precariedade do acesso da água por moradores do local. Os moradores do Município de Benevides estão sob grandes reservas de águas subterrânea, entretanto esse acesso muita das vezes é limitado a quase todos eles, justamente pela dificuldade da extração.
Quem tem condições consegue ter
um poço artesiano pra ter acesso direto a essa água, porém outras pessoas
acabam tendo que pagar por um recurso que é de todos, público. A partir desta problemática, nota-se a inserção das questões políticas de interesse e a mercantilização
por pequenos ou grandes empresários que acabam atuando no município. Pensando por esta perspectiva, é feita uma relação das grandes navegações do mar com a terra pra ter essa
percepção da expansão do urbano, sobre a atual situação da água. A
Schin veio para o Brasil com ideia de gerar empregos para as pessoas da
localidade. É compreensível as intensões de determinadas indústrias se instalarem na Amazônia, contudo, é notável que os melhores empregos oferecidos por essas multinacionais de fora
nunca são exatamente para as pessoas locais. Na verdade essas pessoas acabam
sendo empurradas para a área fabril, uma indústria voltada para a área braçal.
Entendemos que ainda assim é necessário um certo grau de conhecimento técnico
informacional para a atuação nestas grandes indústrias e infelizmente para
muitos da região, acabam por não atender esses requisitos e isso faz com que as
pessoas locais percam essas oportunidades.
É necessário compreender que empresas desse
porte como a Heineken devem estar sempre apresentando estudos e comprovações
que suas construções e operações de cerveja não irão afetar a dinâmica do
escoamento de água e os ecossistemas que se encontram ali naquela
biodiversidade. Porém se não houver responsabilidade de administração em toda a
extração de água do subsolo, infelizmente podem surgir consequências danosas ao
meio ambiente daquela região do munícipio de Benevides. O possível rebaixamento
do lençol freático pela densa e pesada construção de suas estruturas da
indústria de cerveja, representa sem dúvida até mesmo o desaparecimento de
pequenos lagos ou igarapés que se concentram em toda a região.


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